Tinta Roriz, também conhecida como Aragonez em algumas regiões de Portugal, é uma das castas mais proeminentes e valorizadas no país. Os primeiros registos indicam que esta casta foi plantada pelos Fenícios na região de Cádis, Espanha, em 1000 A.C., sendo, desde sempre, considerada uma verdadeira casta ibérica. Em Espanha, a Tinta Roriz tem outro nome, sendo chamada de Tempranillo, do mesmo modo que em Portugal só é considerada Tinta Roriz quando cultivada na região do Douro e do Dão. A origem do nome Tempranillo surgiu, como referido, em Espanha, tendo origem na palavra "temprano", que na língua portuguesa significa "cedo".
Bastante produtiva e vigorosa, esta casta de maturação antecipada adapta-se muito bem a diferentes terroirs, com especial atenção aos que são quentes, secos e argilo-calcários. A Tinta Roriz geralmente tem tamanho médio, com bagos em formato oval ou esférico, pele espessa e cor azul-escura, sendo conhecida por produzir vinhos intensamente aromáticos. Os vinhos elaborados com esta casta são verdadeiras expressões de qualidade e complexidade. Estes, exibem uma gama impressionante de aromas, incluindo frutas vermelhas maduras como cerejas e amoras, notas florais subtis, especiarias e nuances de ervas frescas. Na boca, estes vinhos são encorpados, apresentando taninos firmes que conferem estrutura e longevidade. Com o envelhecimento, os vinhos feitos com Tinta Roriz desenvolvem camadas adicionais de sabores mais suaves e complexos.
Esta casta floresce no seu esplendor em climas quentes e secos, onde pode atingir todo o seu potencial aromático e de sabor. As suas uvas se beneficiam de temperaturas diurnas altas e noites mais frescas, o que contribui para a preservação da acidez e aromas vibrantes. Relativamente ao solo, a Tinta Roriz tem uma preferência por solos xistosos, onde as suas raízes podem aprofundar-se na busca de água e nutrientes, resultando em vinhos mais complexos e concentrados.
Além do Douro, onde desempenha um papel crucial na produção dos Vinhos do Porto, a Tinta Roriz também é cultivada no Alentejo, tendo o nome de Aragonez, onde contribui para a produção de vinhos tintos de alta qualidade e personalidade marcante. A sua presença em terras lusitanas também pode ser encontrada na região vitivinícola do Dão, onde acrescenta complexidade e carácter aos vinhos locais.
Além de ser vinificada sozinha, em Portugal, esta casta é muito utilizada para blends, ou seja, é combinada com uma ou mais variedades de uvas para criar vinhos repletos de sabor e personalidade. Para isso, a Tinta Roriz é encontrada em blends com a Touriga Nacional e a Touriga Franca, assim como no Alentejo é frequentemente vinificada com castas como o Alfrocheiro e o Alicante Bouchet, além de também ser encontrada, em alguns casos, em vinhos rosés.
As nossas sugestões para esta época de fim de ano é o Ribafreixo Seleção Tinto, um vinho produzido a partir de 60% Aragonez, 20% Alfrocheiro e 20% Alicante Bouchet. Um vinho que transmite o verdadeiro terroir da Vidigueira, exibindo aromas de ameixa madura, frutos do bosque, notas de especiarias e chocolate negro. À mesa, é muito versátil e acompanha bem comida tradicional portuguesa, carnes vermelhas, frango e porco no forno.
Entre as castas cultivadas em Portugal, a Tinta Roriz ou Aragonez revela uma riqueza de anos de história e mestria nos terroirs portugueses. A sua presença nos vinhos e características expressam a essência de cada terroir em que é cultivado, além de ser ótima para blends repletos de personalidade e aromas que encantam qualquer apreciador de vinhos!
